Oberdan defendendo a meta do Palmeiras nos anos 40 do século 20
Por mais de meio século, Oberdan Cattani foi um símbolo do Palmeiras; nos anos 40 e 50, quando exibia o auge de sua juventude, era o homem por debaixo das metas do gol palestrino e palmeirense (um dos poucos atuar no clube sob as alcunhas de Palestra e Palmeiras).
Oberdan foi um grande goleiro, mas - mais que isso - foi um palmeirense histórico. Viveu dias de glórias, mas remoeu por anos uma mágoa com o clube que não deixou de amar. Achava que merecia um busto em sua homenagem feito pelo clube. A honraria, a maior concedida pela Sociedade Esportiva Palmeiras, até hoje foi outorgada apenas a três jogadores: Junqueira, Waldemar Fiúme (companheiros de Oberdan) e Ademir da Guia.
O goleiro atuou por Palestra e Palmeiras, por 15 temporadas e só saiu do clube em 1954, por contas de desavenças com o presidente da época, Paschoal Giuliano, um desafeto que carregaria pela vida e cujo nome Oberdan morreu se negando a pronunciar.
Oberdan é beijado por sua filha Mônica Cattani, em sua casa, na Pompéia
Oberdan teve seu direito ao busto negado por conta de uma suposta cláusula do estatuto do clube que exigiria que só jogadores que nunca tivessem jogado contra o Palmeiras poderiam ser homenageados. Por conta da tal estatuto, Oberdan nunca pôde receber a glória que merecia. Atuou pelo Juventus em 1955 e acabou enfrentando seu querido Palmeiras naquele mesmo ano.
A tal clausula, porém, não existia. Era uma dessas lendas urbanas que acometem o mundo do futebol. Um resquício do futebol romântico e semiamador, do qual Oberdan é símbolo. Um resquício de amadorismo, porém, que lhe fez muito mal.
Descoberto que não havia a dita impossibilidade homenageá-lo, o Palmeiras decidiu "imortalizar" em vida seu ídolo histórico. O busto era para ser inaugurado no dia 12 de junho de 2014, mas foi adiado, por conta da estreia do Brasil na Copa do Mundo, para a última quinta-feira, 19 de junho.
Por problemas de saúde, o ex-goleiro não pôde receber. Foi interado, morreu um dia depois e não viu o busto pelo qual esperou 95 anos. Oberdan esperou a vida toda para ser imortalizado pelo Palmeiras. Não deu tempo.
Oberdan foi o maior Palmeirense de seu tempo. O tempo, porém, fez dele um ícone mais discreto. Deixou os campos, mas nunca abandonou o clube. Vivia nos arredores do estádio Palmeirense, na Rua Desembargador do Vale, a alguns metros da Avenida Pompeia.
Frequentou religiosamente o clube, por oito décadas, dia após dia, até morrer na última sexta-feira. Foi palmeirense do começo ao fim. Pode ter morrido injustiçado, mas nunca foi esquecido.
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