Especial 100 anos de Palmeiras: Edmundo, de promessa a ídolo

26/8/2014 18:30

Especial 100 anos de Palmeiras: Edmundo, de promessa a ídolo

Especial 100 anos de Palmeiras: Edmundo, de promessa a ídolo

Edmundo

"Se for em uma só palavra é amor, amor puro por esse clube".




Edmundo chegou ao Palmeiras em 1993, em negociação junto ao Vasco, até então como promessa. Bancado pela Parmalat, o atacante custou US$ 2 milhões (cerca de 4,5 milhões de reais) aos cofres alviverdes. O valor à época era considerado alto, mas a recompensa com as boas atuações vieram logo a seguir para justificar o que foi pago por seu futebol.



No mesmo ano, Edmundo foi um dos grandes nomes na conquista do Campeonato Paulista, título que encerrou o jejum de 16 anos palmeirense sem levantar uma taça. Logo veio o reconhecimento do torcedor alviverde e o atacante recebeu o apelido de “Animal”. Em 1993, o Palmeiras ainda venceu outros dois torneios: o Rio-São Paulo, também sobre o rival Corinthians, e o Campeonato Brasileiro.



Confira uma entrevista exclusiva com Edmundo e relembre os melhores momentos da história do Animal com a camisa do Palmeiras.



Chegada no Palmeiras e Era Parmalat

Tudo era muito novo pra mim, tinha jogado apenas um ano no profissional. O Palmeiras tinha tentado me comprar na metade do ano e depois conseguiu comprar no final, para jogar na temporada seguinte. Eu cheguei lá no meio das feras, um time muito bom, que havia disputado a final de 92 (Campeonato Paulista) e que queria, de qualquer jeito, ser campeão em 1993. Então, o time já estava formado. Realmente fiquei encantado com a estrutura, com a recepção da torcida, chamou muito a minha atenção. Mas eu não tinha muita noção da grandeza do Palmeiras e muito menos da força da torcida, e também da cobrança que tinha pelos 17 anos sem a conquista de um título.



Primeira partida com a camisa do Palmeiras

Minha estreia foi contra o Marília, lá no Parque Antártica (atual Allianz Parque), começamos perdendo de 1 a 0 e conseguimos virar. Foi bem marcante a torcida, a dificuldade do primeiro jogo, mas foi bem legal.



Primeiro gol no Verdão

Lembro, lembro bem porque cheguei como uma grande promessa e demorei pelo menos uns quatro jogos pra marcar o primeiro gol, apesar de jogar bem, havia uma ansiedade do torcedor e minha também para o primeiro gol. E saiu no primeiro clássico e foi muito gratificante. Foi o primeiro de muitos.





Especial 100 anos de Palmeiras: Edmundo, de promessa a ídolo

Mas o momento mais marcante foi quando acabou, que a gente tirou aquele peso das costas




Final do Campeonato Paulista contra

o Corinthians em 1993


Teve o primeiro jogo da final, nós éramos favoritos porque os dois grandes times do Campeonato Paulista eram Palmeiras e São Paulo e nós havíamos conquistado nossa vaga pra final, e o Corinthians conquistou a vaga deles. Eles ganharam o primeiro jogo, é importante falar porque a nossa semana foi uma semana completamente diferente. Foi marcada por cobrança da torcida, indignação dos jogadores, cobrança interna do clube, mas foi uma semana que trabalhamos firme, com a maior vontade, e naquele foi naquele 12 de junho, que ficou marcado na história, que a gente conseguiu um título, talvez o mais importante da minha vida, porque foi ali que eu me tornei um profissional de verdade.





Momentos marcantes e o fim do jejum

Todos os meus momentos no Palmeiras foram marcantes, mas dentro do jogo mesmo a gente tinha amizade com alguns jogadores do Corinthians e eles dizendo ‘não, não dá mesmo, não vamos conseguir reverter’ e foi ficando mais fácil. A gente conseguiu jogar uma partida espetacular. Mas o momento mais marcante foi quando acabou, que a gente tirou aquele peso das costas. Depois do jogo era só festa, porque estava todo mundo muito ansioso. O Palmeiras tem uma torcida muito grande, uma diretoria muito forte. Comemoramos muito. Apesar de sermos os favoritos nunca tínhamos o pensamento de ‘já ganhou’. Jogamos mal o primeiro jogo, perdemos. Jogamos bem o segundo e ganhamos bem.



Predestinado?

Não, acho que não. Nós tínhamos um time muito forte, tínhamos todo um objetivo. O futebol era mais antigo, a gente criava as jogadas para o Evair finalizar, eu jogava pelos lados do campo, caía para um lado e para o outro, revezava com o Edílson, não tínhamos muita obrigação de fazer gol. Os gols não eram uma especialidade minha, até fiz poucos nessa competição, mas em função do campeonato que fiz, muito bom, caiu sobre mim a responsabilidade de levar o Palmeiras àquela conquista. Ganhar foi muito benéfico pra mim, assim como perder seria muito traumático, porque a cobrança seria muito grande. Eu fui uma contratação muito cara pra ocasião, na época era um valor exorbitante. O Palmeiras junto com a Parmalat fizeram um esforço enorme, para que eu pudesse, não sozinho, chegar ao título daquele campeonato.



Au au au, Edmundo é animal!

Então, quando a torcida começou a gritar “au au au, Edmundo é animal” porque foi na semifinal, foi aonde eu mais me destaquei. Aí a torcida começou a gritar, veio a quebra desse ritmo com a derrota contra o Corinthians. E explosão total, a euforia, foi quando nós conquistamos um título.



Volta ao Palmeiras em 2006

Eu dizia que eu era feliz e não sabia. Nós éramos muito jovens, vi o Edílson ser vendido, Roberto Carlos, depois Rivaldo, Evair, Zinho e César Sampaio foram para o mesmo time no Japão. A gente comentava entre a gente, que tinha os 15% que o atleta recebia e o Palmeiras tinha inúmeras propostas pra me vender e não me vendia. Eu vindo de família pobre queria ter uma independência financeira e acabei forçando uma saída que não foi positiva. Aí fiquei com aquele desejo de voltar um dia, porque a gente só sabe o quanto é bom quando sai. Tive a oportunidade de voltar 11 anos depois, quando já não tinha mais a mesma força física, o time já não era tão bom, mas mesmo assim consegue jogar grandes jogos e me doar ao máximo com a camisa do Palmeiras. Foram dois momentos distintos. Um que eu me arrependo e outro que me traz alegria.



Adeus ao Verdão

Tem dois momentos. Primeiro que se classificasse pra Libertadores, o treinador (Caio Jr à época) ia continuar, e a chance que eu continuasse era grande. Como a gente perdeu pro Atlético-MG foi uma tristeza geral, porque sabíamos que o Vanderlei (Luxemburgo) estava para ser contratado. Fiquei triste duas vezes porque sabia que era uma despedida, mas não como eu gostaria, mas eu também já estava perto de parar, me sentia com dever cumprido, pagando uma dívida que eu tinha deixado em 1995.



Palmeiras em poucas palavras

Ah, várias palavras. Se for em uma só é amor, amor puro por esse clube. Amo muito esse clube e vou estar sempre torcendo. É o mínimo que eu tenho que fazer por gratidão a tudo o que eles fizeram por mim.







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