23/9/2016 18:06

BLOG: O uniforme sempre marcou a personalidade de um goleiro

Para aqueles que jogam sob as traves, há dois grandes privilégios que os jogadores de linha nunca terão. O primeiro está em poder jogar com as mãos, em um esporte jogado basicamente com os pés e o segundo é poder escolher o seu uniforme, que deve ser totalmente diferente do de seus companheiros de time.



O goleiro precisa ter em mente que o uniforme escolhido deverá ser sua marca para sempre. Assim temos na história do futebol grandes arqueiros que são lembrados pelas camisas que usaram em suas vitoriosas carreiras.



Na década de 1910, Marcos Carneiro de Mendonça, nosso primeiro grande goleiro, já impressionava com seu uniforme branco, que saia impecável depois das partidas, pois ele se colocava tão bem sob as traves que não precisava saltar para fazer as defesas.

Mais tarde, nas décadas 1930 e 1940, apareceu Oberdan Catani, do Palmeiras, com sua camisa em azul-escuro, com um enorme “P” no peito. Sem dizer de Raul, que ficou marcado por sempre usar uma camisa amarela, tanto no Cruzeiro quanto no Flamengo, e de Leão, que é lembrado por suas camisas listradas.



Há ainda a camisa de goleiro que não sai da memória dos amantes do futebol – e talvez a mais simples de todas – a preta com a sigla CCCP, de Lev Yashin (ex-URSS), apontado por muitos como o melhor goleiro de todos os tempos. O uniforme dele marcou tanto, que o excepcional arqueiro ganhou o apelido de “Aranha Negra”. Não é exagero dizer que o mito de Yashin cresceu graças ao uniforme negro que ele usou durante toda sua carreira. Os atacantes pareciam tremer quando o viam usando sua lendária camisa preta.

E nem precisa ser uma camisa única para marcar um goleiro, o espalhafatoso Jorge Campos (México) usava uniformes coloridos ao extremo e ficou marcado por isso.



Por tudo isso fico surpreso como, em tempos atuais, alguns goleiros que se sujeitam a jogar com uniformes que não sejam especiais, que não reflitam sua personalidade. E os arqueiros nem brigam por atuar com uniformes sem graça - e também sem proteção adequada - fornecidos para eles. Um caso de recusa foi o de Marcos, goleiro do Palmeiras, que criticou uma camisa que tinha um misto das cores vermelha e marrom, que o arqueiro a classificou de “embalagem de catchup” e logo aposentou a vestimenta.



Não faz muito tempo que, quando você queria comprar uma camisa de goleiro, sabia que pagaria mais caro por isso, pois iria adquirir uma peça nobre, reforçada e de mangas compridas. Hoje, não acontece mais isso. As camisas de arqueiros são similares aos dos jogadores de linha.



Com camisas de mangas curtas e similares aos companheiros, alguns arqueiros nem parecem que atuam em posição especial, parece que é um atleta de linha, que, contrariado acabou indo para a meta. Sem dizer que as mangas longas ajudam a proteger os arqueiros nos saltos dados durante a partida. (Fora o desastre estético, que surge quando os arqueiros usam uma tal de “segunda pele de mangas longas” sob a camisa de jogo.)



Com mangas curtas, os goleiros parecem que “diminuem de tamanho” e passam a impressão aos atacantes de que precisam bater um zagueiro ordinário qualquer e não uma muralha na hora de realizar uma finalização.



Reclamamos, com razão, que o futebol brasileiro não tem um goleiro excepcional no momento – temos uma infinidade de bons arqueiros, mas nenhum é unanimidade. Mas, além do aspecto técnico, também não encontramos um goleiro de personalidade marcante, cuja identificação começa pelo uniforme.

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9333 visitas - Fonte: Peron na Arquibancada/

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