O que deu errado? A derrocada do Palmeiras em dez passos
11/8/2017 10:39
O que deu errado? A derrocada do Palmeiras em dez passos
Trocas de filosofia no comando técnico, estrelas que não brilharam, coadjuvantes que pouco apareceram... Por que o ano que era para ser dos sonhos deve terminar sem taça
Palmeiras x Barcelona de Guayaquil Luis Moura / WPP
Os dez passos da derrocada
Era para ser a temporada dos sonhos, mas o Palmeiras encerrará 2017, muito provavelmente, sem nenhum título. Eliminado do Paulistão, da Copa do Brasil e de sua menina dos olhos, a Libertadores, o time só tem o Brasileirão para jogar até o fim do ano. E já está 15 pontos atrás do líder Corinthians... Por que o clube que inaugurou um moderníssimo centro de excelência e contratou estrelas desejadas como Borja e Felipe Melo ficou tão longe das taças?
O Palmeiras perdeu Gabriel Jesus na virada de 2016 para 2017, mas atendeu a um insistente pedido da torcida e foi buscar Miguel Borja, sensação do Atlético Nacional (COL), para substituí-lo. O centroavante foi a contratação mais festejada, com centenas de palmeirenses lotando o Aeroporto de Guarulhos para carregá-los nos braços. A base campeã brasileira foi reforçada com nomes de peso como Alejandro Guerra, o melhor jogador da Libertadores de 2016, Felipe Melo e Michel Bastos. A euforia era enorme.
2) A quebra de ideias
Apesar de manter a maioria dos jogadores, o Palmeiras foi obrigado a fazer uma mudança drástica na engrenagem campeã brasileira: Cuca preferiu não renovar seu contrato para dar atenção à família. Eduardo Baptista, que vinha de trabalho promissor na Ponte Preta, chegou para substituí-lo. As diferenças entre os dois vão muito além do tipo de marcação, do posicionamento dos jogadores, da metodologia de treinos... A maneira de lidar com os problemas do dia a dia também é diferente. Cuca, consagrado, muitas vezes prefere o enfrentamento. Eduardo, ainda buscando afirmação, tenta ser conciliador. Os efeitos disso ainda iriam aparecer.
3) A dor do Profeta
No quinto jogo da temporada, o Palmeiras viu Moisés sofrer a lesão que o afastou dos gramados por mais de cinco meses. O time, que ainda estava tentando aprender a lidar com a falta de seu principal atacante (Gabriel Jesus), passou a ter de se virar também sem o seu principal meio-campista. Não seria exagero dizer que até agora não conseguiu encontrar as melhores soluções.
4) A primeira queda
Um inesperado atropelamento sofrido no Moisés Lucarelli impediu que o Palmeiras disputasse a final do Campeonato Paulista e deixou o trabalho de Eduardo Baptista em xeque. Derrotado por 3 a 0 numa tarde desastrosa em Campinas, o time conseguiu fazer só 1 a 0 no Allianz Parque, gol de Felipe Melo, e acabou eliminado na semifinal em que tinha enorme favoritismo.
Quando o Cuca decidiu não ficar por problemas pessoais, tivemos que trazer um treinador com ideias novas, houve uma quebra de ideias. Não andou da maneira esperada. Tivemos que resgatar o Cuca sem tempo para treinar, com jogadores diferentes.
Alexandre Mattos
6) A segunda queda
O Palmeiras deixou o Brasileirão em segundo plano para dar atenção aos dois torneios de mata-mata: Copa do Brasil e Libertadores. Na Copa do Brasil, o sonho acabou nas quartas de final, com dois empates diante do Cruzeiro: 3 a 3 no Allianz Parque e 1 a 1 no Mineirão, com um gol sofrido bem perto do apito final. Muito irritado, Felipe Melo chegou ao vestiário fazendo críticas a Cuca, em voz alta. Quando o treinador ficou sabendo, decidiu que estava na hora de encerrar a passagem do volante pelo Palestra Itália.
7) Estrelas que não brilharam
O Palmeiras chegou à partida que salvaria ou arruinaria sua temporada atestando que os dois reforços mais badalados deste ano não deram certo: Felipe Melo foi afastado do elenco após se desentender com Cuca, e Borja foi fixado como reserva - primeiro de Willian, improvisado como centroavante, e depois de Deyverson, contratado para fazer funções que o colombiano não conseguiu executar. Nem Felipe nem Borja participaram do jogo de quarta-feira, contra o Barcelona de Guayaquil: o volante, que treina em horários alternativos e dificilmente jogará novamente pelo clube, assistiu pela TV, enquanto o atacante ficou o tempo todo no banco. Diretoria, técnico e jogadores ainda acreditam que Borja possa resgatar o futebol que mostrou no Atlético Nacional (COL) e tentam ajudá-lo na adaptação. Michel Bastos, outro que chegou sob holofotes, não ficou no banco diante dos equatorianos por opção do treinador.