Como era e como ficou o contrato?

O Palmeiras acertou em janeiro de 2015 contrato de patrocínio máster com a Crefisa válido por duas temporadas, renovado depois por mais dois anos. No primeiro vínculo, a instituição financeira era responsável por estampar a marca da empresa no peito e nas costas do uniforme alviverde, mas a parceira foi estendida para contratações de jogadores.



Naquele ano, a empresa foi responsável pelas chegadas de Lucas Barrios, Thiago Santos e pela renovação de Vitor Hugo. Nas temporadas seguintes, a Crefisa fez mais investimentos além dos valor pago pelo contrato de patrocínio (serão R$ 78 milhões em 2018), nas contratações de Juninho, Luan, Fabiano, Guerra, Borja, Dudu, Bruno Henrique, Deyverson e Lucas Lima, além de participação na última passagem de Cuca.



Os investimentos em contratações eram registrados com o Palmeiras como propriedades de marketing. Mas, depois de ser multada pela Receita Federal, a empresa foi orientada a declarar tais valores como empréstimos. Por isso, desde janeiro, o Verdão reconheceu uma dívida com a empresa de cerca de R$ 120 milhões. Se o jogador contratado com investimento da Crefisa deixar o clube sem custos ou com um valor inferior ao contratado, o Palmeiras tem dois anos para pagar a empresa com juros do menor índice do mercado.



Por que o COF reprova o desempenho financeiro mensal?



COF é a sigla de Conselho de Orientação e Fiscalização. Além dos ex-presidentes, que são membros natos, o órgão conta com 15 conselheiros eleitos pelo Conselho Deliberativo no início de cada gestão (e mais seis suplentes) e faz recomendações para diretoria executiva, principalmente sobre assuntos da vida financeira do clube.



Mensalmente, o COF analisa o desempenho financeiro do clube e vota pela aprovação ou não do desempenho alviverde naquele período. Em 2018, o órgão retardou as análises por causa da discussão do contrato com a Crefisa - Leila Pereira até participou de uma reunião para explicar os aditivos - e recentemente reprovou as contas de janeiro, fevereiro e março.



A maioria dos cofistas reclama que Maurício Galiotte assinou o aditivo em janeiro sem consultar o órgão. Além disso, os R$ 120 milhões reconhecidos pelo clube como dívida com a empresa não respeita o estatuto, que dá ao presidente a liberdade de realizar empréstimos de no máximo 10% do valor que corresponde a previsão orçamentária do clube, que em 2018 é de R$ 477 milhões.



Por que a diretoria defende o contrato?



Dadministração de Maurício Galiotte afirmam que as reprovações dos balanços mensais por parte do COF têm motivação política.



Membros da diretoria também afirmam que a dívida de R$ 120 milhões pouco atrapalham o desempenho financeiro do clube nos próximos anos, citando os fundos quitados recentemente com Paulo Nobre como exemplos. Além disso, os próprios jogadores são apontados como ativos do clube para cobrir a dívida no futuro.



Como impactam no clube as reprovações do COF?



Na prática, em nada. Mas significa uma forte representação, política ou não, sobre o assunto. O COF analisa no dia 31 de agosto o desempenho do clube nos meses de abril e maio, e assim seguirá o rito até o fim da temporada, quando o órgão emite ao Conselho Deliberativo um parecer sobre o resultado financeiro do clube no ano.



Caberá ao Conselho Deliberativo do Palmeiras discutir e votar pela aprovação ou não das contas do clube, provavelmente em sessão em janeiro de 2019.



Como se divide a vida política do Palmeiras atualmente?



O aditivo ao contrato da Crefisa é apenas mais um episódio da disputa política que tem agitado os bastidores do Palmeiras nos últimos meses. As mudanças estatutárias, aprovadas no Conselho Deliberativo e depois ratificadas em Assembleia Geral de sócios, também haviam causado comoção no clube.



Na visão da situação, a reprovação das contas é motivada por uma disputa interna de Leila Pereira contra as alas mais tradicionais do Verdão (leia-se grupos ligados Mustafá Contursi, Affonso Della Monica e Paulo Nobre). A conselheira e patrocinadora foi, além de defensora do contrato com a Crefisa, uma das maiores incentivadoras da aprovação da mudança estatutária do mandato presidencial para três anos, valendo a partir da disputa de 2018.



Com as novas regras, Leila poderá ser candidata à presidência em 2021, quando terá completado seu primeiro mandato como conselheira do Verdão - a empresária não se manifestou como possível candidata até o momento.



Do lado da oposição, a desculpa é de que a discussão no assunto no Conselho Deliberativo também é política, por passar por cima dos poderes do COF e por tentar encerrar o caso em um órgão no qual Galiotte possui mais influência.



Projeções para as eleições de 2018



Ainda não há chapas registradas para o pleito, mas a tendência é que Maurício Galiotte dispute a eleição contra Genaro Marino. O atual presidente conta com apoio público de Leila Pereira, enquanto que o opositor pode se unir com ex-presidentes.



Os associados votarão em novembro em uma chapa, que contará com candidato à presidência e mais quatro vices. Da atual diretoria executiva, Galiotte conta apoio apenas de Antonino Jesse Ribeiro. Os vices Genaro Marino, Victor Fruges e José Carlos Tomaselli romperam com a atual administração no início do mandato e, processados por Leila Pereira, recentemente divulgaram comunicado questionando a patrocinadora e criticando Galiotte.

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