Seis momentos em que o Palmeiras foi mais que um clube

22/8/2014 07:42

Seis momentos em que o Palmeiras foi mais que um clube

Seis momentos em que o Palmeiras foi mais que um clube

Em quase cem anos de história, o Palmeiras não foi importante apenas dentro dos gramados. A mera existência do clube foi fundamental para a grande colônia de imigrantes italianos que começava a deixar os campos para trabalhar nas fábricas da cidade.



Serviu como um ponto de encontro e de representação para esse grupo de pessoas, a tantos quilômetros de casa e vistos como cidadãos de segunda classe da capital paulista.





Houve, além disso, casos específicos em que o Palestra Itália ou o Palmeiras usaram as sua força de mobilização em causas extracampo, seja cuidando de pessoas doentes ou machucadas, arrecadando alimentos, levantando dinheiro para partidos ou até mesmo pegando em armas contra o governo provisório de Getúlio Vargas. “Mais que um clube” não é o lema do Palmeiras, mas reunimos algumas ocasiões em que essa expressão teve tudo a ver com o clube palestrino.



Incêndios dos edifícios de Andraus e Joelma



Na década de 1970, São Paulo viu dois de seus prédios mais conhecidos pegarem fogo. Em 1974, o Joelma, no dia 1º (foto acima), com quase duzentas vítimas fatais. Dois anos antes, 16 pessoas haviam morrido no Andraus. Durante os resgates, o campo do Palmeiras foi usado para o pouso de helicópteros e o departamento médico do clube ficou à disposição para tratar os feridos. Um dos resgatados do Andraus foi o presidente do clube Paschoal Giuliano, que escapou por uma ponte improvisada entre o 12º andar do prédio em chamas e o Palladium, bem ao lado.



Enchentes no Rio





As vítimas da enchente se abrigaram em um ginásio de Teresópolis



Durante as enchentes e deslizamentos de terra na região serrana do Rio de Janeiro em 2011, nas quais quase mil pessoas morreram, o Palmeiras arrecadou oito toneladas de alimentos para ajudar as vítimas. Também foram recolhidos colchões, brinquedos, calçados, roupas e garrafas d’água. Membros de torcidas organizadas e outros torcedores – alguns nem eram palmeirenses – ajudaram a empacotar os donativos. O volante Pierre colocou a frota da sua empresa, a Pierre Express, à disposição para o transporte, e o atacante Kléber começou a coletar dinheiro entre os jogadores do elenco e da comissão técnica para contribuir com o auxílio humanitário.



Gripe espanhola



A gripe espanhola chegou ao Brasil em setembro de 1918 e tem por volta de 300 mil mortes de brasileiros nas suas costas, inclusive a do presidente Rodrigues Alves. Se em 2014 faltam leitos na saúde pública, imagina naquela época, em meio a uma epidemia geral. Aproximadamente 30 lugares, portanto, foram transformados em hospitais provisórios de isolamento. A sede do Palestra Itália, na época na Rua Libero Badaró, esquina com a Praça do Patriarca, foi um dos lugares cedidos para tratar os infectados.



Greve geral de 1917



No começo do século, o proletariado paulista era basicamente formado por italianos e espanhóis. Quando eclodiu a Greve Geral de 1917, a primeira da história do Brasil, apenas quem falasse (quase literalmente) a língua deles poderia fazer a mediação entre os operários, muitos palmeirenses, e os patrões. Sobrou para o jornal Fanfulla, que publicou a carta de fundação do Palestra Itália, liderar essas conversas, que acabaram bem sucedidas.



Amistoso pelo comunismo





Waldemar Fiúme estava em campo no amistoso



Nem sempre o futebol foi considerado o ópio do povo pelos comunistas. Houve pelo menos um momento na história em que esse esporte tornou-se uma ótima fonte de renda e ajudou a financiar as campanhas do partido. E quais times seriam mais apropriados para representar o PCB do que o Palmeiras, time dos operários italianos, e o Corinthians, o clube do povo?



Foi em 13 de outubro de 1945. O Estado Novo de Getúlio Vargas havia acabado de terminar e os partidos saíram da clandestinidade. Ao mesmo tempo, a Segunda Guerra Mundial viu soviéticos e americanos lutarem lado a lado contra os nazistas e ainda não havia a percepção geral de que o comunismo poderia ser uma ameaça. Embora dirigentes e jogadores dos clubes não fossem membros do partido, havia muitos simpatizantes, como o atacante Cláudio, maior artilheiro da história do Corinthians.



Oficialmente, a partida era em prol do Movimento Unificador dos Trabalhadores, o MUT, o braço sindical do PCB. O rosto público da organização eram mulheres que faziam parte da comissão de finanças do partido comunista e, como comprova o livro “Palmeiras x Corinthians 1945?, do ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, tinham realmente ligações íntimas com líderes como Luis Carlos Prestes e João Amazonas.



O Pacaembu, que pouco antes havia sido palco de um comício de Prestes, foi o palco escolhido para o confronto. Antes de a bola rolar entre os quadros corintianos e palmeirenses, houve uma preliminar entre as equipes do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e da Fiação e Tecelagem.



Aquela equipe do Palmeiras tinha os seus craques, como Junqueira, Waldemar Fiúme, o cumpridor Túlio, Lima e Canhotinho, muitos jogadores que fariam parte dos campeões das Cinco Coroas no final da década. Do outro lado, o Corinthians colocou em campo Cláudio e Servílio, dois jogadores importantíssimos da história do clube.



Servílio abriu o placar em saída do goleiro Tarzan, mas a pressão era toda do Palmeiras. Bino, arqueiro alvinegro, fez 14 defesas no primeiro tempo. Pouco a pouco, os gols alviverdes foram saíndo: Fiúme empatou, Lima virou e o uruguaio Villadoniga fechou o caixão.



O amistoso arrecadou 115 mil cruzeiros para o Partido Comunista, uma grande contribuição para o orçamento de 750 mil que ele queria arrecadar para as eleições. O Palmeiras ganhou uma mulher alada, deusa grega, sobre uma base de mármore e esculpida em bronze que vive na sala de troféus do clube. O dinheiro não se reverteu em sucesso nas urnas. O PCB teve 14 cadeiras na Câmara dos Deputados de 1945, e o seu candidato à presidência, o fluminense Yedo Fiúza, teve 9,71% dos votos. Dois anos depois, em 1947, os comunistas foram obrigados a voltarem à clandestinidade.



Batalhão palestrino na revolução de 1932



Depois de tantos anos de política do Café com Leite, quando presidentes de Minas Gerais e São Paulo revezavam-se no poder, Getúlio Vargas impediu a posse de Júlio Prestes e instaurou um governo provisório.



Mas a demora para promulgar uma nova constituição, aliada à repentina perda de poder dos paulistas e mineiros, levou à Revolução Constitucionalista de 1932 contra esse novo regime. O Campeonato Paulista daquele ano foi interrompido, e os jogadores, assim como os sócios dos clubes, pegaram em armas e foram às ruas formar o Batalhão Esportivo, que chegou a ter três regimentos.



Um dos seus braços era o Batalhão Palestrino, que lutou ao lado de seus conterrâneos. Um dos tenentes da revolução era Heitor Marcelino, maior artilheiro da história do clube, que ajudou ainda mais, como outros atletas, doando suas medalhas para a auto-explicativa campanha “Ouro para o bem de São Paulo”. O Palestra Itália também emprestou a sua sede para os soldados se exercitarem e o hospital para os revolucionários.







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