Coaching do Verdão "salvou" o Flu em 2009 e avisa: "O Palmeiras não caiu"

25/9/2014 14:01

Coaching do Verdão "salvou" o Flu em 2009 e avisa: "O Palmeiras não caiu"

Lulinha Tavares trabalhou na incrível reação do Fluminense naquele ano. Ele vê o Alviverde em condições de repetir o feito e explica métodos de trabalho

Coaching do Verdão

Lulinha Tavares (Foto: Fabricio Crepaldi)



A contratação do coaching Lulinha Tavares foi uma das medidas encontradas pela diretoria do Palmeiras para tentar salvar a equipe, hoje última colocada do Brasileirão, a se livrar o rebaixamento. E experiência de sucesso nesse tipo de situação ele tem no currículo, inclusive em uma das mais improváveis da história do futebol nacional.



Em 2009 o Fluminense tinha, segundo os matemáticos, 98% de chance de cair para a Série B. Mas ganhou 19 pontos dos últimos 21 disputados e se livrou na rodada final. Exemplo que, segundo ele, pode muito bem ser usado - e seguido - pelo Verdão em seu atual momento.



- Trabalhei no Fluminense de 2009. A história conta que o time ficou 27 rodadas na zona de rebaixamento, a chance de cair era de 98%, todo mundo dizia que o Fluminense estava rebaixado. Só o grupo de atletas que não. Não tem nada perdido para ninguém. O Palmeiras não caiu. Entendendo isso, ganha tranquilidade. O jogo acaba só quando termina. Melhor terminar bem do que começou. Com essa consciência, você consegue manter a tranquilidade e ter respostas técnicas no jogo - disse ele.



- É o último grande exemplo de volta por cima. O torcedor se recorda que ninguém prestava naquela situação. Quando perde, todo mundo é ruim. Você não é medido pelo trabalho, sim pelo resultado. Mas foi possível. Somente acreditando que tudo é possível que se consegue. Tem de direcionar o pensamento, sair da esfera da emoção... Só a vontade não ganha jogo, mas você precisa ter. Você precisa ter coragem. Coragem é agir com o coração. Nessa hora tem de botar o coração e brilho no olho. Aí o resultado vem e o vento começa a soprar a seu favor - analisou.



Lulinha Tavares trabalha como coaching há seis anos, com mais de 20 clubes e 100 atletas, individualmente, no currículo. Tentou ser jogador de futebol, mas parou no juniores do Flamengo por conta de lesões e, também, por falta de preparação mental. Segundo ele, isso o motivou a estudar - é formado em educação física e pós-graduado em psicologia esportiva - e ajudar atletas a conseguirem ter sucesso na carreira. Recentemente também lançou um livro sobre o assunto.



Um dos últimos trabalhos do coaching foi justamente no Verdão, em 2013, após a goleada sofrida por 6 a 2 para o Mirassol, no Paulistão. Lulinha acredita que aquela recuperação também pode ser encarada como um exemplo para os jogadores.



- Fiz o trabalho com um grupo muito comprometido, e eles conseguiram reverter o resultado. O Palmeiras é o exemplo para ele mesmo. O grupo vinha de uma queda, estava em situação adversa pela goleada que sofreu na quarta. No sábado, eles viraram a página e isso é muito importante. Tem uma página nova em branco à frente e você é protagonista e pode escrever da forma que quiser - contou.



O trabalho no Verdão já começou. Ele esteve na Academia de Futebol na última quarta-feira e conversou com alguns jogadores, entre eles o meia Valdivia. Os papos individuais fazem parte dos métodos do profissional para tentar melhorar a parte psicológica do time. Veja abaixo uma entrevista com Lulinha Tavares, explicando como pretende trabalhar e de que maneira isso ajudará o Palmeiras dentro de campo:



Como é o seu trabalho como coaching?



O trabalho segue o princípio de refletir, planejar e agir para alcançar metas e melhorar os resultados. Coaching não é motivador, não é guru e nem mágico. Ele ajuda a olhar para a frente, esquecer o passado, que não muda mais, e a criar novas perspectivas e pontos de melhora para a frente, que a é a perspectiva de qualquer um que está lá atrás na tabela.



Quais são os seus métodos de trabalho?



Temos encontros grupais, para estabelecermos o desenvolvimento da intimidade com o atleta, ele saber que você está ali para ajudar e a que você se propõe, que é ajudá-lo a alcançar as metas. Temos dinâmicas, vídeos, e, principalmente, se comprometendo a dar passos em direção ao resultado que você quer chegar. Um passo de cada vez, viver um dia por vez. Ajudar nessa tomada de consciência. Isso você faz de maneira grupal, uma vez por semana pelo menos, e de forma individual, que desenvolve mais. Foram mais de 100 atletas em seis anos. Hoje atendo mais de 10, espalhados pelo mundo.



Costuma indicar livros, filmes e outras coisas desse tipo para os atletas?



Eu trabalho com o seguinte conceito: o que eu ouço eu esqueço, o que eu vejo eu lembro, o que eu faço eu aprendo. Se eles simplesmente ouvirem alguém falar, podem fazer em qualquer lugar. Tem de ouvir e fazer. Existem dinâmicas, vídeos e principalmente estabelecimento de ações e comprometimento com elas. Quando eles se conscientizam disso, começam a estabelecer pequenas metas para atingir o objetivo final. Só tem uma certeza sobre o futuro, que ele chega um dia por vez. Tem de viver assim. Não tem ninguém rebaixado. O Palmeiras está na zona, mas não está rebaixado.



No que o seu trabalho pode ajudar no Palmeiras?



Na tomada de consciência e na retirada do olho de cima do problema. O futebol é muita paixão. Ele tem de sair desse contexto e olhar para a frente com equilíbrio. É possível fazer isso, melhorar o nível de concentração. Quanto mais concentrado o atleta estiver, menos ansioso ele fica. E quanto mais ele tem os canais limpos, ou seja, eu vejo, eu ouço, eu sinto, a performance vai ser melhor. Hoje a humanidade sofre com a síndrome do pensamento acelerado, você nunca está no lugar onde você está. E o atleta precisa estar. Sob pena de que, se não estiver, não terá a resposta técnica exigida em segundos. Ele começa a entender, treinar e efetivar isso no dia a dia. Ele será menos influenciado pelo ambiente de fora, será mais concentrado no que precisa fazer.



E o Palmeiras precisa dessa ajuda?



O futebol é afetado por isso. Quem está lá atrás sempre está pressionado. Quem está em cima também, mas é outro tipo de pressão. As pessoas se sentem muitos pressionadas e precisam estar preparadas. E o Palmeiras está, assim como os outros times. É ano do centenário, isso aumenta pressão. Mas o profissional está lá para isso, é o desafio dele e precisa entender isso. Ele vai encontrar forças e direção para passo a passo sair dessa zona de rebaixamento.



Você considera o Palmeiras quase rebaixado, como muita gente diz?



Absolutamente, o Palmeiras não está rebaixado e não há nada que comprove que está. O Flamengo estava sob pressão há dez rodadas e arrancou. Nós vemos muita superação. Tem de olhar para a frente. O passado você não muda, você só muda o futuro. E você só vê algo no futuro quando determina o que vai fazer e o que vai deixar de fazer. Se você não sabe o que quer, ao menos tem de saber o que não quer. O Palmeiras não quer ser rebaixado. Pronto. Muita coisa pode ser feita no grupo de trabalho para a coisa andar, saindo da influência externa. Isso tem de ter o mínimo de participação, para o jogador ter tranquilidade no jogo.



O que espera encontrar agora no clube?



O cenário de pressão é semelhante em qualquer lugar, o importante é saber que só se muda sendo humano. O atleta sofre pressão, fica triste, sente medo, tem ansiedade, são coisas humanas. Aí você dá nome ao problema e começa a tratar dele. Mas vou encontrar pressão, dúvida, ansiedade, medo, coisas de ser humano. Isso sendo tratado, o resultado certamente vem.



Você pode ser um reforço importante para o Palmeiras?



Não me considero um reforço. O trabalho de coaching é importante e ajuda em qualquer circunstância. Existem outras ações que os responsáveis pelo clube vão fazer. Mas cabe ajudar. Vim com a roupa do corpo. Fui chamado, peguei um avião no Rio de Janeiro e vim, nem me despedi da minha filha e da minha mulher. Isso com a expectativa e perspectiva de contribuir. Dentro disso, tenho condição de ajudar.



É um desafio?



Sim, um desafio e uma oportunidade de mais uma vez executar o trabalho e mostrar a que se propõe esse trabalho. Quero implementar o trabalho que faz o olho brilhar. Quando isso acontece, sempre encontramos as soluções para as dificuldades que se interpõem entre nós e o objetivo a ser alcançado.



Seu trabalho também ajuda a saber lidar com a pressão da torcida?



Sim. Tem um princípio que o Japão usa, que a Força Aérea americana usa: espere o melhor, se prepare para o pior. Se você está mentalmente pronto, sabendo que pode dar problema com derrotas, xingamentos, pressão, vai estar preparado para isso. Quando alguém se prepara mentalmente para uma situação, vive antes. Quando ele acontecer já sabe o que fazer, seu cérebro vai lembrar. Por isso é preciso estar mais pronto para a pressão que vem.



Por que não se tornou jogador profissional?



Meu problema foi falta de condição mental, se eu tivesse sido preparado, mais orientado, poderia ter ido mais longe. Eu fui um dos muitos que ficaram para trás, por falta de um planejamento lógico, uma preparação adequada, e isso me motiva a ajudar outros que estejam mais prontos para suportar e vencer nessa atividade que leva um desconhecido a virar um herói nacional.



VEJA TAMBÉM
- ORGULHO MUITO GRANDE! Abel exalta as crias do Verdão após vitória na Libertadores
- Palmeiras é forte candidato ao título do Super Mundial, afirma Neto.
- Veiga reconhece fase ruim e elogia Luís Guilherme pelo gol marcado.





11982 visitas - Fonte: Ge

Mais notícias do Palmeiras

Notícias de contratações do Palmeiras
Notícias mais lidas

Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!

Enviar Comentário

Para enviar comentários, você precisa estar cadastrado e logado no nosso site. Para se cadastrar, clique Aqui. Para fazer login, clique Aqui ou .

Últimas notícias

publicidade
publicidade

Brasileiro

Qua - 20:00 - Arena Barueri -
X
Palmeiras
Internacional

Brasileiro

Dom - 18:30 - Manoel Barradas
0 X 1
Vitoria
Palmeiras