Diário do ‘Seu' Humberto (nº2) - 22/7/51 – O dia que o planeta ficou alviverde

22/7/2016 18:04

Diário do ‘Seu' Humberto (nº2) - 22/7/51 – O dia que o planeta ficou alviverde

Diário do ‘Seu' Humberto (nº2) - 22/7/51 – O dia que o planeta ficou alviverde

“Seu Humberto” é um personagem que eu, Humberto Peron, titular deste blog, criei para contar histórias que ouvi do meu avô e do meu pai, ambos chamados Humberto e também apaixonados por futebol. Os textos relatados por “Seu Humberto” são o resultado da soma das informações ouvidas com as minhas pesquisas. Assim, temos a história de praticamente um século do nosso futebol.



Rio de Janeiro, 22 de julho de 1951.



Eu estava lá, na arquibancada do Maracanã. Com os dois braços para cima, comemorava o título do Palmeiras. O antigo Palestra Itália tinha acabado de empatar com a Juventus (Itália) e se sagrava campeão da Copa Rio (o nome oficial era Torneio Internacional de Clubes Campeões).



Vou explicar melhor.



Para as mais de 100 mil pessoas que estavam no estádio naquele momento, o Palmeiras acabava de ser tornar o Campeão do Mundo.



Os gritos de “Palmeiras” e “Brasil” ecoavam pelo estádio. Pouco mais de um ano após o Uruguai bater o Brasil na final da Copa do Mundo de 1950, coube ao time palmeirense dar um título internacional ao futebol brasileiro, vencendo grandes times do planeta.



Tudo bem, o tempo passa e muitas das mais bonitas páginas do nosso futebol, como a Copa Rio de 1951, vão perdendo espaço e se tornam até piadas entre os torcedores, mas está redondamente enganado que não vê importância naquela conquista do Palmeiras.



A Copa Rio de 1951 contou com oito quadros fortes e de escolas importantes. Está certo que o Milan (Itália), Barcelona (Espanha) convidados para o torneio não vieram, mas os quadros que estiveram para jogar nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro eram de respeito.



Além do Palmeiras, o Brasil era representado pelo Vasco, ainda o grande time do país e base da nossa seleção da Copa do Mundo de 1950. Havia ainda: Juventus (Itália), Estrela Vermelha (ex-Iugoslávia), Sporting (Portugal), Nacional (Uruguai), Áustria Viena (Áustria) e Nice (França). Bem diferente do chamado Mundial de Clubes da Fifa de hoje, com times da Oceania, África e Ásia...



Para ser o melhor do planeta, o Palmeiras não jogou só duas partidas. Em um espaço de 23 dias, para levantar o troféu, o time jogou sete partidas – e eu vi todas.



Os três primeiros jogos do Palmeiras foram realizados no Pacaembu.



Na estreia, o Palmeiras deu um baile no Nice. O campeão da França parecia um time do interior. Foi 3 a 0 - fora o baile. Já o segundo jogo foi complicado. O Estrela Vermelha era uma equipe muito boa, recheado de jogadores técnicos, mas o Palestra venceu por 2 a 1, de virada, pois os iugoslavos saíram na frente, logo no começo do jogo.



O último jogo da primeira fase foi contra a Juventus. Os dois times estavam classificados, mas queriam terminar em primeiro lugar no grupo para não ter que enfrentar o Vasco nas semifinais.



No estádio cheio, repleto de italianos que queriam matar saudade ver um time italiano em campo, a Juventus pegou o Palmeiras em um dia que o time todo estava dormindo. O placar final foi 4 a 0 para os italianos.



Não senti tanto pela derrota, mas sim por parte da torcida e alguns dirigentes culparem o Oberdan, o goleiro, talvez o jogador mais palestrino/palmeirense que vestiu a camisa do clube, pela derrota. Ele perdeu o lugar no time após essa derrota.



Não havia jeito, o adversário nas semifinais seria o Vasco, que ganhou os três jogos na primeira fase. Eu peguei um trem para chegar ao Rio de Janeiro para ver o jogo. Hoje é fácil ir para lá, mas em 1951 o Rio de Janeiro era muito longe, era como ir para outro continente. Levei mais de um dia para chegar lá.



Com Fábio no gol, vencemos a primeira semifinal contra o Vasco por 2 a 1. Mas, para o segundo jogo contra os cariocas, perdemos o Achiles (machucado), um dos craques da nossa linha de ataque.



Com o triunfo no primeiro do jogo, um empate classificava o Palmeiras. Na segunda partida contra o Vasco, o Fábio pegou tudo, se transformou em um paredão. Com o empate sem gols, o Palmeiras estava na final e teria como adversário a Juventus.



Os italianos pensavam que iria passear de novo, mas não foi isso que aconteceu.



No primeiro jogo, o Rodrigues “Tatu” fez o único gol palmeirense e da partida. Faltava apenas um empate para o mundo se tornar alviverde.



Na final, o Palmeiras jogou mal no primeiro tempo e saiu perdendo por 1 a 0. Na etapa final, Rodrigues “Tatu” empatou logo no início, mas eles fizeram 2 a 1.



Perdendo, o Palestra começou a pressionar. Faltava o gol do Liminha – meu conhecido dos bairros do Bom Retiro e Barra Funda - fazer o dele. Na Copa Rio, ele já tinha feito os gols decisivos nas vitórias contra o Estrela Vermelha e o Vasco. E ele apareceu, fazendo o segundo, no peito na raça. Os italianos até tentaram, mas o placar ficou empatado em 2 a 2 até o final.



Festa no Maracanã lotado. A velha rivalidade entre paulistas e cariocas sumiu enquanto o Palmeiras dava a volta olímpica. O incentivo dos cariocas, principalmente dos torcedores do Vasco, rendeu uma placa em que os palmeirenses agradecem o apoios do cariocas durante a fase final da Copa Rio- ela estava no antigo Palestra Itália.



Tive a chance de voltar no mesmo trem dos jogadores. Dei um abraço no Liminha e nos outros campeões: Fábio, Salvador, Juvenal, Túlio, Luís Villa, Dema, Lima, Ponce de León, Jair da Rosa Pinto, Rodrigues, Oberdan Catani, Waldemar Fiúme, Richard, Canhotinho e Achiles. Depois de inúmeras paradas chegamos à capital. Os lenços brancos dos torcedores – para alguns mais de um milhão de pessoas – saudavam os campeões.



Foi sensacional e aconteceu. Pena que o tempo e o próprio Palmeiras deixaram que a conquista única caísse no esquecimento. Também não era necessário que a Fifa mandasse um fax para reconhecer o feito daquele time.



Tolos os que dizem que o Palmeiras não tem Mundial. Naquele dia 22 de julho 1951, no Maracanã, o Palmeiras se tornou o melhor time do planeta. Tenham certeza disso.



Para encerar abro o meu baú de relíquias e copio um trecho do editorial de "A Gazeta Esportiva" de 24 de julho de 1951. "Chegou o Palmeiras ao mais alto título que já se disputou no futebol internacional, em qualquer época, entre clubes, por isso com honra e orgulho temos todo o direito de chamá-lo de Campeão do Mundo!"



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