David Luiz comenta sobre dificuldade da seleção brasileira (Foto: Leandro Canônico)
Sofrimento. Essa palavra vai acompanhar o Brasil na tentativa de chegar ao hexacampeonato. O alerta foi feito por David Luiz. Para o zagueiro, o empate sem gols com o México serviu para mostrar aos jogadores o que é realmente uma Copa do Mundo. Ele disse que não se pode comparar o torneio, por exemplo, com a Copa das Confederações, conquistada pela Seleção no ano passado. E que vitórias fáceis e grandes espetáculos na primeira fase podem ser uma armadilha.
David elogiou muito o México. Para ele, o último adversário pode chegar muito longe se repetir o desempenho que teve diante da seleção brasileira. E também ligou a evolução da equipe ao fato de enfrentar uma grande adversidade.
- Eu queria grandes jogos, espetáculos, duas grandes vitórias, o Brasil voando. Mas não teríamos a oportunidade de enxergar o valor real de uma Copa do Mundo nem o que vamos enfrentar mais para frente. Às vezes, você ganha só de 3 a 0 na primeira fase, perde por 1 a 0 nas oitavas e vai embora para casa. Foi bom porque teremos que saber sofrer em 80 minutos para, de repente, ganhar em 10.
Para o zagueiro, o Brasil encarou a Copa das Confederações de forma diferente das outras seleções que disputaram o torneio no ano passado. Naquela ocasião, o time teve dificuldade para bater o Uruguai, mas passou por cima de Japão, México, Itália e Espanha. Sincero, o camisa 4 admitiu que o desafio na Copa do Mundo é muito maior.
- Está muito difícil, as pessoas cada vez mais querem ganhar do Brasil. Na Copa das Confederações, as coisas fluíram de forma melhor porque nossa vontade de ganhar era muito maior, os outros não tinham tanta ambição. Hoje, eles também têm direito de sonhar, trabalhar, buscar, temos de saber enfrentar isso.
FAVORITOS
- Quem não tem ambição não chega a lugar nenhum. Nós jogadores sonhamos com um momento como esse. Continuamos acreditando na nossa filosofia, na nossa ambição. A gente é um time humilde, que gosta de aprender. Quando se comparar Copa das Confederações com Copa, o nível é muito grande, a campeã do mundo saindo na primeira fase. Você vê times que a gente não dava muita importância com padrão de jogo. A Austrália quase ganha da Holanda, que goleou a Espanha… A gente sabe que a gente pode evoluir, crescer, e sabe o que está enfrentando. Tem que saber sofrer, entender o jogo tão grande que a gente fez contra o México, que também foi perfeito na partida. A gente enfrentou um time que, se faz o mesmo jogo daqui para frente, vai chegar muito longe.
PAIXÃO e MURTOSA
- Duas pessoas maravilhosas, que a gente não tem muitas oportunidades de mencionar. Quero agradecer pelas pessoas que são, profissionais, amigos, companheiros. Murtosa traz muita alegria para o grupo, sabe a forma de chegar e falar com cada um.
O Paixão, outro grandíssimo profissional, grande pessoa, com sensibilidade para saber o que a gente está sentindo. Quem disse que treino é só dentro do campo? Uma competição só é feita correndo atrás de uma bola. Tem inúmeras formas de treinar, psicológico, mental. Tem formas de aprender olhando adversários.
São duas pessoas que só trazem coisas positivas para nós.
LIDERANÇA
- Todos nós temos direito de opinião dentro do grupo. E todos os jogos são decisivos. A gente tem a pontuação para saber como entrar na partida. Então, é da mesma forma, analisando tudo que a gente já fez até aqui. Lembrar que o segundo jogo também foi muito bom para nos mostrar o que é uma Copa do Mundo. Então, não tem nem a hora de acordar e ver o que é uma Copa do Mundo. No jogo, Camarões vem sem responsabilidade, mas com orgulho de representar uma pátria. Eles querem ganhar do Brasil, no Brasil.
Mostrar que reagiu depois de dois jogos. Agora vem com o orgulho ferido, com a vontade de ganhar do Brasil, porque vai ser um título para eles. E nós com a consciência que vamos enfrentar um time aguerrido, de qualidade, que vai querer ganhar de nós. Nosso objetivo é passar de fase e passar em primeiro.
DISPUTA DE POSIÇÃO
- Existe a consciência do que é o futebol hoje, da dinâmica dentro e fora do time. Jogador quando sai nunca fica feliz. Mas para ser um jogador top, tem que ser grande em todos os momentos -e assimilar para poder voltar ao time. Dois cartões amarelos pode te tirar de um jogo. De repente, você toma um segundo amarelo, tem que ficar fora. Fico feliz que a gente tem grupo forte, reposição, mas faz parte do futebol. Jogador que não tem o mesmo perfil, a mesma crença por ter saído do time principal, não tem perfil para estar no nosso time. Principalmente nós que jogamos na Europa, e tem rodízio, você joga três na semana, depois tem que ficar fora para descansar, ou não vai aguentar.
PRIVACIDADE
- Está muito chato vocês perto da gente - estou brincando. Nós crescemos num país em que a paixão nacional é o futebol. Fomos acostumados a crescer dessa forma, com grandes jogos, partidas de encher os olhos, craques, dribles. Todo brasileiro gosta, assim como nós. Quando pequeno, eu não queria marcar ninguém, queria fazer gol, dar drible, essas coisas. Mas a evolução existe, todos aprenderam com a evolução tecnológica, você pode ver um time a 10 mil quilômetros ver o que está fazendo. A gente pode admirar e aprender. Hoje é Copa do Mundo, todos querem tocar na taça e ser campeão do mundo. As pessoas querem ganhar do Brasil. Na Copa das Confederações, as coisas fluíram bem. Todos têm o direito de sonhar, de tentar, então vamos ter grandes jogos. Jogos que você vai ter que sofrer durante 80 minutos, para ganhar em 10 minutos.
CONVERSAS DE FELIPÃO
- Ele conversa todos os dias. Existem conversas direcionadas a certos assuntos, a certas coisas que a gente está vivendo. É um treinador presente no nosso dia a dia, é muito transparente no que fala e faz. É um grande comandante, e faz parte da filosofia de trabalho também. É bom ter a liberdade de falar e conversar para melhorar. Então, Felipão sempre está perto, ajudando, elogiando, puxando orelha. Ele está sempre presente.
DEFESA
- O primeiro defensor do nosso time é o Fred. Quando ao meu entrosamento com o Thiago, é muito bom, é mais fácil jogar ao lado de grande jogador, grande pessoa, que quer ajudar em todos os sentidos. A gente tenta sempre ajudar um ao outro, desconfiar de todas as bolas. O que a gente tenta sempre é evoluir cada vez mais o entrosamento.
SUSTOS
- Contra a Croácia, fiquei feliz pela reação, nunca tinha saído atrás, e a equipe continuou coesa, madura, consciente para saber que havia muito tempo para virar o jogo. E contra o México, jogo de um nível muito alto, que nos deu a consciência do que vai ser a Copa do Mundo daqui para frente.
FRANÇA
- Todas as seleções sonham com semifinais, final, título. A França tem excelente equipe, Benzema que fez o primeiro jogo excelente, e o que eu quero é que o Brasil continue trabalhando, querem evoluir com pés no chão.
NEYMAR-DEPENDÊNCIA
- Neymar é um grande jogador, resgatou essa magia do jogador brasileiro. Resgatou o nosso sonho de ter uma jogador disputando para ser o melhor do mundo. Mas é um menino, um jogador que joga para o time, quer ajudar a seleção, sabe que não depende só dele, que temos outros grandes jogadores. Mas o Ney é mais um jogador da seleção que não tem que levar a responsabilidade sozinho de fazer gol em todo jogo, ser o melhor de todos os jogos. Mas tem que estar feliz por saber que há um grupo para ajudá-lo, para que ele possa desenvolver seu futebol da melhor forma possível. Assim como outros têm qualidade para isso. Quando nós depositamos tudo sobre ele, estamos errados. Ele tem o papel dele coletivo e individual também.
FÍSICO
- Não tem a ver com a parte física, fizemos todos os testes. O questionamento acontece muitas vezes só por causa do resultado. A parte física está sendo muito bem controlada, estamos felizes de estarmos nos sentindo bem com nossa ferramenta de trabalho, que é o nosso corpo. Eu já sei o que é sofrer com lesões, jogar um jogo com muitas dores e saber que não vai ter o mesmo rendimento. Hoje somos um time sem lesões, todos estão aptos para jogar.
HINO
- O Hino é uma coisa que inventaram de uma forma muito positiva. Hoje as pessoas, seja de onde for, têm orgulho de pensar em suas raízes, e é bonito de ver a nossa seleção, a nossa gente cantando. Eu falo por mim porque acho bonito os outros países fazerem dessa forma. Não é uma competição fora do estádio, mas sim uma coisa mágica e linda que acontece nesse ano. Está sendo muito positivo, a atmosfera está muito linda para o futebol.
ROTINA
- Milhares de pessoas trabalhando por nós, uma logística para a gente se sentir confortável, ter o nosso cantinho. Vou reclamar do quê?
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