O dia 9 de julho de 2010 ficou marcado na história do Palmeiras, mas não por um título ou por alguma classificação heroica, e sim pela última partida realizada no antigo Palestra Itália. Nesta quarta-feira, justamente quando o estádio do rival Corinthians recebe seu jogo de despedida da Copa do Mundo, o clube alviverde completa quatro anos sem sua casa, que foi fechada para reformas depois do amistoso contra o Boca Juniors.
Diante de 17.786 pagantes, no fim da tarde de uma sexta-feira, em feriado paulista, a partida contra a equipe argentina não teve o resultado esperado pelos palmeirenses, já que o adversário, convidado para a festa, triunfou por 2 a 0, com gols de Viatri e Muñoz. Desde então, muita coisa mudou no clube e no estádio, que trocou até de nome, passando a ser tratado oficialmente como Allianz Parque, depois da venda dos naming rights para a seguradora.
Apesar do fechamento em 9 de julho, a obra na casa alviverde demorou um pouco mais para começar devido à falta de alguns documentos. O alvará da Prefeitura de São Paulo para o início da reforma só foi liberado em outubro do mesmo ano, quando o então prefeito, Gilberto Kassab, encontrou-se com o então presidente alviverde, Luiz Gonzaga Belluzzo, em um hospital, onde o dirigente estava internado. Somente depois disso que os operários puderam dar início aos trabalhos, em uma época em que havia até a esperança de alguns palmeirenses de que o novo estádio pudesse receber partidas da Copa do Mundo.
Porém, a hipótese não se concretizou, e quem acabou recebendo os jogos do Mundial foi o maior rival do Palmeiras, o Corinthians, que iniciou a construção de seu estádio em 2011 e foi o escolhido para sediar seis partidas do torneio da Fifa, a última delas nesta quarta-feira, pela semifinal, entre Holanda e Argentina.
Neste período de obras em seus respectivos estádios, o Alvinegro ainda se sagrou campeão da Libertadores e do Mundial, enquanto o Verdão, apesar da taça da Copa do Brasil, amargou um rebaixamento no Brasileirão.
Durante a reforma da nova arena, a construtora responsável pela casa palmeirense, WTorre, chegou a pedir igualdade de condições em relação ao rival, por conta da burocracia. Mas um dos principais apelos do clube não foi atendido. O Palmeiras precisava de um alvará específico para demolir toda a arquibancada de seu antigo estádio e não recebeu o aval da Prefeitura. Assim, a construtora teve de manter em pé uma parte da velha infraestrutura e construir o setor de cadeiras novas por cima.
A expectativa era de que o estádio ficasse pronto no primeiro semestre de 2013, o que não se confirmou. Houve também a tentativa de finalização das obras no começo de 2014, inclusive com shows da banda One Direction agendados para 10 e 11 de maio, mas as apresentações precisaram ser transferidas para o Morumbi, casa do rival São Paulo. No atual estágio das obras, o estádio passa pela instalação das cadeiras e está prestes a receber o gramado.
Já a data de inauguração é tratada com cautela pelo Palmeiras, que vive um impasse com a construtora por conta do direito de comercialização das cadeiras. Independentemente da data da reinauguração, o certo é que o estádio receberá uma equipe bem diferente da que se despediu da antiga casa em 2010. Na época, o clube paulista era dirigido por Flávio Murtosa, que estava no cargo interinamente, enquanto aguardava a chegada de Luiz Felipe Scolari, pois o pentacampeão estava na África do Sul comentando a Copa do Mundo por uma emissora de televisão local.
Dos 16 jogadores que entraram em campo pelo Palmeiras naquela partida, apenas dois estão hoje no clube, que são os goleiros Bruno - titular na despedida - e Deola, colocado no segundo tempo. Os dois atuaram porque Marcos estava vetado pelos médicos, em função de uma artroscopia no joelho esquerdo. Mesmo assim, o pentacampeão foi ao estádio e ganhou uma homenagem.
Com 211 jogos no local, Marcos foi o jogador que mais atuou no antigo Palestra e recebeu das mãos de Valdir Joaquim de Moraes uma placa comemorativa antes do amistoso. Quando a casa palmeirense for reaberta, o ex-goleiro ainda ganhará um busto, assim como Oberdan Cattani, que morreu no mês passado.
Apesar de apenas Bruno e Deola permanecerem no clube, o atual elenco alviverde conta com outro atleta que disputou o jogo de adeus do estádio, mas com as cores do Boca Juniors. O atacante Pablo Mouche, que foi contratado pelo Verdão no mês passado, foi titular da equipe argentina naquela partida. Dirigido na época por Claudio Borghi, o clube de Buenos Aires tinha também Marcelo Cañete, que mais tarde foi contratado pelo São Paulo.
O primeiro gol do Boca, inclusive, foi marcado depois de cobrança de falta de longe de Cañete. O chute não saiu com tanta força, mas Bruno deu rebote na área, e Viatri pegou a sobra para empurrar para o gol, aos 19 minutos do primeiro tempo. Os visitantes fizeram mais um aos 37 da etapa inicial. Cañete bateu escanteio, e Viatri dominou no peito, deixando escapar para Maurício Ramos, mas o zagueiro não conseguiu afastar, e Muñoz marcou o último gol do antigo Palestra Itália.
Confira abaixo a ficha técnica da partida:
FICHA TÉCNICA
PALMEIRAS 0 x 2 BOCA JUNIORS
Local: Estádio Palestra Itália, em São Paulo (SP)
Data: 9 de julho de 2010, sexta-feira
Horário: 17h30 (de Brasília)
Árbitro: Cléber Wellington Abade
Assistentes: Daniel Paulo Zioli e Vicente Romano Neto
Público: 17.786 pagantes
Renda: R$ 1.214.512,00
Cartões Amarelos: Vítor e Cleiton Xavier (Palmeiras); Muñoz, Mendez, Viatri e García (Boca Juniors)
GOLS: BOCA JUNIORS: Viatri, aos 19, e Muñoz, aos 37 minutos do primeiro tempo
PALMEIRAS: Bruno (Deola); Vitor, Maurício Ramos (Léo), Danilo e Gabriel Silva; Edinho, Márcio Araújo (Vinícius), Cleiton Xavier e Lincoln (Marcos Assunção); Ewerthon (Tadeu) e Kleber
Técnico: Flávio Murtosa
BOCA JUNIORS: Luchetti (Garcia); Muñoz, Cellay e Insaurralde; Marín, Méndez, Erbes (Gonzalez), Cañete (Colazo) e Monzón; Mouche (Araujo) e Viatri (Blandi)
Técnico: Claudio Borghi
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