O relógio apontava 12 minutos do segundo tempo, e um grito como se fosse de gol ecoou pelas galerias antigas do Centenário.
Mas o placar seguia 1 a 0, gol de Cavani, ainda na etapa inicial. Era, na verdade, uma defesa de Muslera em chute apenas mediano de algum esforçado jogador da Eslovênia. Um exemplo de que, com a torcida uruguaia, é assim: tudo é celebrado como se fosse o último ato. Ainda mais na despedida da seleção antes da Copa do Mundo. Razão mais do que suficiente para os celestes roubarem a cena.
Dentro de campo, o 2 a 0 do Uruguai na noite fria de quarta-feira (Stuani faria o outro gol) não saiu muito do roteiro sustentado por Óscar Tabárez.
Um time sem brilho, mas efetivo. Coube à torcida fazer o jogo cintilar. Começou cedo, logo na apresentação dos jogadores no telão.
Curiosamente, o mais ovacionado foi o sisudo treinador. Depois, quem seria besuntado de aplausos era José Mujica, presidente do país, que desceu das tribunas para entregar uma bandeira da sua pátria amada ao capitão Lugano.
Todos mandam energias positivas a Suárez (Foto: Lucas Rizzatti/GloboEsporte.com)
Com dez minutos de bola rolando, os gritos de "Uruguai, Uruguai" já eram rotineiros. Aos 20, a inconfundível "ola" fez do Centenário um mar azul.
Logo depois, um torcedor postado à direita das cabines de imprensa começou a bater palmas e puxar o grito: "Ole, ole, ole, ole... Suárez, Suárez", em tributo ao astro do time que se recupera de cirurgia no joelho esquerdo.
O camisa 9 também foi alvo de homenagens em inúmeros cartazes. O GloboEsporte.com flagrou três. Um deles soava íntimo, chamando-o apenas de Luis e com corações. Outro fazia alusão a Salto, cidade natal do jogador, desejando-lhe também pronta recuperação. E um ainda mais prático e otimista: "nos vemos no Brasil".
Por falar em faixas... brotavam dos poros do cimento frases e mais frases impressas em grandes panos azuis e tingidas de orgulho, como a que dizia que "entregar tudo no campo é nossa natureza" ou outra que comemorava a sorte de se ter nascido uruguaio.
Para completar, uma escola estadual do interior levou uma bandeira de 120 metros de comprimento e pintada a partir das mãos das crianças colocadas com tintas sobre o tecido.
O foco, no entanto, era o campo. Vaias? Apenas para as decisões do árbitro Patricio Lostau que não favoreciam os donos da casa. Os eslovenos eram aplaudidos nas substituições.
Um comportamento exemplar elogiado até por quem esboçou polêmica. Ao marcar o primeiro gol, Cavani fez um gesto de silêncio e depois esmurrou a bandeira de escanteio.
Ele não explicou o gesto, se era para críticos em geral, para a imprensa, para os fãs... Sereno na concorrida zona mista, definiu em uma frase a festa nas arquibancadas:
- Isso deixa uma linda imagem do nosso país.
Agora, o país que lhes interessa é o Brasil. A viagem para Sete Lagoas está marcada para segunda-feira. A estreia na Copa será no dia 14, diante da Costa Rica.
Faixas espirituosas marcam amistoso no Centenário (Foto: Lucas Rizzatti/GloboEsporte.com)
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