Festa completa no adeus da seleção argentina rumo ao Brasil. E, na verdade, não foi preciso muito para isso. O torcedor que esteve no Estádio Único de La Plata demonstrou desde o início que a missão era apoiar o time de Sabella para o Mundial. Em troca, só queria uma coisa: ver Messi em campo. Durante pouco mais de 50 minutos, os olhares alternavam entre o que os reservas faziam contra a Eslovênia no gramado e o que acontecia no banco de reservas. A partir dos 13 do segundo tempo, frisson completo. O camisa 10 entrou, levantou o público e fez seu gol na vitória por 2 a 0 na fria tarde de sábado - Ricky Álvarez completou o placar. Os hermanos estão prontos para seguirem rumo à "terra inimiga".
O trio Messi, Dí María e Agüero entrou no segundo tempo para o delírio da torcida argentina (Foto: Agência AP )
Com a onda de lesões que tomou conta de inúmeras seleções nos últimos dias, Alejandro Sabella contrariou a expectativa de todos e começou a partida com Messi no banco. Dos titulares, apenas Romero, Fernandez, Mascherano e Rojo foram para o risco. Ainda assim, a tarde reservou um momento de apreensão: Lucas Biglia saiu logo aos 14 por problema no joelho. A lesão, no entanto, não deve tirá-lo da Copa. O que acontecia em campo, porém, a todo instante dividia atenção com o banco de reservas. Ainda no primeiro tempo, sugiram pedidos por Messi.
O craque quatro vezes melhor do mundo demorou um pouco mais para entrar, mas fez o que dele se espera. Em linda triangulação com o Dí María e Agüero, que entraram juntos em campo, deixou sua marca e tocou fogo no estádio de La Plata. Se era para ser festiva, a despedida da Argentina contou com todos os ingredientes previstos. Depois de duas semanas de preparação, dois amistosos e duas vitórias, o elenco argentino terá folga no domingo, e embarca na tarde de segunda-feira para Belo Horizonte. No Grupo F, estreia na Copa contra a Bósnia, dia 15, no Maracanã - Nigéria e Irã completam a chave.
Ricky Álvarez roubou bola no meio-campo e fez boa jogada no lance do gol da Argentina (Foto: Agência AP )
DO BANCO, MESSI ASSISTE A GOL E CONTUSÃO
Fora da Copa, a equipe europeia começou melhor. Sem pisar no freio, os jogadores chegavam rasgando nas divididas e se aventurando no ataque. Mas os sul-americanos tomaram o controle da partida aos 11 minutos de bola rolando. Ricky Álvarez aproveitou falha da defesa e roubou a Brazuca no meio de campo. Acompanhado de Lavezzi, o jogador do Inter de Milão avançou e, ao chegar perto da área, bateu rasteiro no cantinho para abrir o placar e esfriar os eslovenos.
Ao lado de Agüero, Messi acompanha o primeiro tempo do amistoso entre Argentina e Eslovênia (Foto: Agência AP )
Pouco depois do gol, aos 13, Sabella ganhou uma dor de cabeça. O treinador foi obrigado a tirar Biglia, que havia levado uma pancada no joelho minutos antes, para colocar Campagnaro em campo. Com a entrada do zagueiro, Mascherano, que estava recuado, passou a atuar como volante, posição com a qual está acostumado.
O restante do primeiro tempo não foi de muitas emoções. A Argentina trocava passes e cadenciava o jogo, evitando correr riscos. Enquanto isso, a torcida tentava empurrar a equipe, mas os jogadores mantinham o ritmo lento no gramado. Aos 33, quase saiu o segundo dos hermanos. Maxi Rodríguez esteve perto de fazer um belo gol ao bater da entrada da área e, após desvio do goleiro Belec, acertar o travessão.
Ricardo Álvarez pula depois de marcar o primeiro gol argentino: sul-americanos venceram a Eslovênia (Foto: AP)
Quem também fez a alegria nas arquibancadas foi Mascherano, que a cada desarme era festejado pelos torcedores. No fim da primeira etapa, como já era esperado, os argentinos que foram ao estádio pediram a entrada de Messi.
Durante o intervalo, uma boa notícia para Sabella. O problema no joelho não representa perigo a Biglia, que tranquilizou a torcida ao publicar mensagem em uma rede social: "Saí por causa da pancada, mas não é algo para se preocupar".
Pequeno torcedor brinca na vitória da Argentina sobre a Eslovênia no último amistoso da seleção antes da Copa(Foto: AP)
FESTA COMPLETA: MESSI EM CAMPO E GOL
A Argentina voltou para o segundo tempo com o mesmo ritmo monótono que levou quase toda primeira etapa. No limite entre se arriscar e mostrar a Sabella que têm condição de buscar um lugar no time ou se precaver e evitar uma lesão, os reservas trocavam passes na intermediária sem muita pressa ou até mesmo inspiração para atacar.
A melhor jogada aconteceu aos oito minutos, quando, mais na base da força do que na técnica, Lavezzi e Ricky Álvarez tabelaram entre trombadas com os zagueiros, e o jogador do Inter de Milão chutou já dentro da área em cima da zaga. A esta altura, o público de La Plata não se importava com o acontecia em campo. O motivo? Messi.
Logo aos dois, o camisa 10 foi chamado para o aquecimento ao lado de Agüero, Di María e Gago. Dez minutos depois, foi o momento de ver o craque em campo. Não foi preciso muito para Messi retribuir o carinho e levantar o público. Na primeira bola, uma arrancada curta e toque para Dí María. Em seguida, nova arrancada, que culminou com falta na entrada da área. Na cobrança, a bola bateu na barreira e parou nas mãos do goleiro Belec. Se ainda não era muito, os prováveis titulares na Copa pelo menos deram uma injeção de ânimo na equipe.
Messi fez a festa da torcida em La Plata: craque entrou no início do segundo tempo e balançou a rede (Foto: AP)
Marcando no campo adversário e com mais velocidade na saída para o ataque, a Argentina tentou impor uma blitz para cima dos eslovenos. Dí María, de fora da área, e Agüero, em jogada individual, tentaram levar perigo, mas chutaram para fora. Passado o frisson inicial para entrada dos nomes mais famosos, o ritmo da partida voltou a cair, até que o trio ofensivo resolveu "brincar". Da entrada da área, Dí María descolou lindo passe de cavadinha para Agüero, que escorou de cabeça buscando Messi no meio da área. O capitão dominou e chutou rápido de canhota: gol e festa em La Plata. Era o que faltava.
A partir daí, o público não se calou mais. A cada troca de passes, gritos de "olé". A cada desarme, aplausos. Mascherano, por exemplo, foi substituído pelo jovem Mammana, chamado da Sub-17 para completar o elenco no amistoso, e ovacionado. O público de La Plata não queria ver muito. Desde o início, estava claro que a tarefa era acarinhar o time de Sabella rumo ao Mundial. A senha para a festa de despedida era um gol de Messi. Ele veio, e estava tudo certo. Agora, a missão é no Brasil.
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