Memórias da Família Castelo (Foto: Editoria de arte)
Imagine se seu pai desse nome a um estádio de Copa do Mundo. E se este estádio um dia abrigasse o jogo de seu próprio país nesta mesma Copa do Mundo.
Nesta terça-feira, quando Brasil e México se enfrentam, às 16h, a Família Castelo vai poder viver essa experiência. A reportagem do GloboEsporte.com reuniu os filhos Salete, Pedro e José Sarto, além de netos e bisnetos de Plácido Castelo - homem que nomeia o palco do confronto – para entender um pouco do que é este privilégio.
Nascido em 11 de janeiro de 1906, na pequena cidade de Mombaça, Plácido Aderaldo Castelo é um ícone da história do Ceará.
Bacharel em Direito aos 24 anos, a vida política também teve início cedo. E Plácido Castelo fez de tudo um pouco. Foi deputado estadual, prefeito de Fortaleza e governador do Ceará. Durante o último mandato citado, deu início ao projeto da construção do estádio.
O famoso Castelão, agora chamado de Arena Castelão depois da modernização para o Mundial de 2014, foi inaugurado em 1973, em uma partida que terminou sem gols entre os dois maiores clubes do estado: Ceará e Fortaleza.
Até o fim de sua vida foi assíduo frequentador do local, pois adorava futebol. Os filhos lembram que Plácido não era adepto à publicidade e que preferia investir em educação, por exemplo. Algo curioso a ressaltar na chegada da Copa.
- Ele era avesso à publicidade. Agora o nome dele vir a estar espalhado pelo mundo inteiro é muito interessante - pontua a filha Salete.
Foi exatamente no Castelão que surgiu uma das grandes forças da seleção brasileira na atualidade: o hino nacional cantado em capela pelos torcedores, depois da interrupção usual da Fifa, que não deixa a música a tocar até o final.
O fato se tornou um símbolo de patriotismo e tem enchido os jogadores de brio e de vontade de vencer, principalmente quando se atua em solo brasileiro. A emoção toma conta do lugar e abre espaço para demonstrações de amor ao país, algo que não se via fazia tempo no Brasil.
- Contra o mesmo México, na Copa das Confederações do ano passado, o Hino Nacional foi cantado em altos brados em Fortaleza e serviu de exemplo para o país. Nos encheu de orgulho. Foi muito lindo este momento no novo Castelão, que também está lindíssimo por dentro e por fora – frisou Pedro.
Apesar de “abrirem as portas” para a Seleção e para o mundo nesta terça-feira, nenhum dos parentes de Plácido Castelo estará no estádio para apoiar a equipe canarinho.
Avessa ao hábito comum entre os brasileiros de tirar vantagens das situações, todos tentaram conseguir ingresso do modo mais democrático possível, através da inscrição no site da Fifa.
- Ninguém de nós quer privilégio para ir a qualquer jogo da Copa. Papai nos ensinou a ser assim. Apesar de ter cargos importantes, ele proibia até que todos nós andássemos em carro oficial ou tivéssemos algum favorecimento em qualquer ocasião que fosse – completou Pedro.
Os filhos e demais familiares não poderão acompanhar a festa dentro da “própria casa”, in loco. Em compensação, ficará a satisfação de ver o nome de um ente querido ser comentado em todos os cantos do planeta. Um legado deixado por Plácido Castelo, o Castelão.
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